sábado, 16 de maio de 2009

Aleitamento materno e nutrição

A experiência nutricional mais precoce do recém-nascido é o aleitamento materno. Há muito tempo se levanta a hipótese de que o leite materno protege contra a obesidade, porém são encontrados resultados controversos, especialmente pelo fato de que aumenta a cada dia o número de obesos. Em um estudo americano realizado com 2.565 crianças de três a cinco anos, os autores observaram que aquelas que foram amamentadas apresentavam menor prevalência de “risco de sobrepeso” em relação àquelas que não tiveram o aleitamento materno.

Já no Brasil, ainda é escasso o número de estudos que analisem o aleitamento materno, sobrepeso e obesidade infantil. A partir da constatação de que o excesso de peso entre a população infantil é cada vez mais frequente, o estudo dos doutores José Maria Pacheco de Souza, do Departamento de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), Viviane Gabriela Nascimento Simon, do Programa de Pós-Doutorado em Saúde Pública do Departamento de Saúde Materno-Infantil da USP, e Sonia Buongermino de Souza, do Departamento de Nutrição da USP, analisaram o sobrepeso e a obesidade relacionados ao aleitamento materno e à alimentação complementar na fase pré-escolar de um grupo de crianças.

No período de 2004 a 2005, foram avaliadas 566 crianças, de dois a seis anos de idade, matriculadas em escolas particulares da cidade de São Paulo. Os critérios de investigação foram aspectos demográficos e socioeconômicos da criança e de sua família, aleitamento materno, alimentação complementar e alimentação atual.

Os autores concluem que, além de todos os benefícios já consagrados na literatura e de conhecimento geral, o aleitamento materno também protege contra o sobrepeso e a obesidade durante toda a infância, independentemente da idade da criança, da renda familiar, do estado nutricional e da escolaridade dos pais. E afirmam que, quanto mais tempo a criança recebe o leite materno, maior a proteção.

DA PESQUISA

A média de aleitamento materno exclusivo entre as crianças estudadas foi de quatro meses. Na alimentação complementar, houve uma introdução precoce de alimentos na faixa etária de 0 a 6 meses, quando o recomendado é a amamentação exclusiva. Em primeiro lugar, estão água e/ou chá, com 72,1%, seguido das frutas (66,4%) e do leite não materno (53,2%), no período de até seis meses de vida. Fazem parte da lista açúcar e/ou mel (15,2%); espessantes (10,2%); achocolatados (3,0%); iogurtes (4,6%); cereais e tubérculos (25,6%); carnes bovina, de frango ou de peixe (54,1%); ovos (14,1%); hortaliças (40,3%) e feijão (12,0%).

Na alimentação atual, o consumo de frutas estava nos padrões recomendáveis, porém os pães, cereais, verduras e legumes estavam abaixo do recomendado. Os grupos de leite e produtos lácteos superaram em 50% o ideal de consumo. E quanto ao estado nutricional das crianças, 5,3% tinham baixo peso; 60,2% estavam bem nutridas; 17,8% com sobrepeso e 16,6% obesas, o que soma uma prevalência de 34,4% de crianças acima do peso ideal, número muito significativo para a faixa etária avaliada.

Para os autores, a idade da criança acima de quatro anos foi fator de risco para esses quadros de sobrepeso e obesidade. Isso porque, nessa idade, ela já escolhe e pede o próprio alimento, preferindo os não nutritivos e de maior valor calórico. Outro fator analisado no estudo foi o fato de as crianças pertencerem a famílias com nível socioeconômico alto, com maior acesso à mídia, que estimula o consumo de bolacha, doces, salgadinhos e outros. O sedentarismo é outro vilão, resultado de horas por dia em frente a aparelhos de televisão e vídeo-game, excluindo a atividade física da rotina dos pequenos.

Fonte: Site Nutritotal

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